Colesterol em Crianças e Adolescentes: A Importância da Triagem Precoce
Entre os adultos, a realização de um check-up de saúde é uma prática comum e necessária, especialmente à medida que a idade avança. Um dos principais focos desses exames são os testes de colesterol, essenciais para a triagem de condições cardiovasculares. No entanto, a realidade é bem diferente quando se trata de crianças e adolescentes. Estes jovens não costumam ter seus níveis de colesterol avaliados com regularidade, e essa negligência pode acarretar consequências sérias para a saúde.
Estudos recentes indicam que crianças e adolescentes também podem apresentar altos níveis de colesterol, semelhante ao que se observa em adultos. Em muitos casos, essa situação se deve à falta de informação dos pais e à ausência de pedidos para esses exames por parte dos médicos. Mesmo que as doenças cardiovasculares sejam consideradas um problema maior na vida adulta, o que acontece nas infâncias pode refletir muito mais para a saúde futura dessas crianças.
O colesterol é uma substância gordurosa vital para o organismo humano. Ele participa da produção de hormônios, vitaminas e ácidos biliares, e é crucial para a formação de membranas celulares. É extraído de alimentos de origem animal como carne, leite e ovos.
Tipos de Colesterol
Existem dois tipos de colesterol no organismo: o HDL, conhecido como "bom colesterol", e o LDL, o "ruim". O HDL é responsável por remover o excesso de colesterol do sangue e levá-lo de volta ao fígado. Seus níveis saudáveis são importantes para prevenir a formação de placas nas artérias, reduzindo o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
Por outro lado, o LDL se torna um problema quando suas taxas estão elevadas. Os altos níveis de LDL contribuem para o acúmulo de gordura nas artérias, propiciando a aterosclerose, uma condição grave que pode levar a complicações cardiovasculares. Portanto, monitorar e manter os níveis de colesterol saudáveis é uma prioridade que todas as etapas da vida devem considerar.
Para medir corretamente os níveis de colesterol, é recomendado realizar o exame de sangue conhecido como lipidograma, o qual fornece informações das frações de gordura no organismo. Esse exame é geralmente solicitado em razão de um histórico familiar ou por recomendações médicas.
A Necessidade de Triagem Precoce
Recentemente, um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no periódico Archives of Endocrinology and Metabolism revelou que 24,4% das crianças e adolescentes brasileiros apresentam alterações nos níveis de colesterol, e 19,2% possuem colesterol LDL em níveis preocupantes. Esses dados apontam para a importância de se dosar o colesterol crianças já a partir dos 2 anos, especialmente quando há históricos familiars de cardiopatias.
Conforme afirmado pela cardiologista pediátrica Mirna de Sousa, do Hospital Israelita Albert Einstein, “os pais devem estar atentos e realizar o exame não apenas em crianças com histórico familiar de doenças, mas em todas as crianças entre 9 e 12 anos, independentemente de seus hábitos ou históricos”.
Após os 12 anos, adolescentes devem novamente submeter-se ao exame, especialmente quando novos fatores de risco surgem. Para indivíduos entre 17 e 21 anos, a triagem de colesterol torna-se uma recomendação universal.
Mudanças no Estilo de Vida como Tratamento
Quando os resultados do colesterol vêm alterados, profissionais da saúde frequentemente sugerem que não se deve partir imediatamente para a medicação. A primeira intervenção é uma reavaliação do estilo de vida. A prática regular de atividades físicas e uma alimentação balanceada são essencialmente recomendadas.
As crianças também podem largar hábitos pouco saudáveis desde a infância, e é precisamente nesse momento que se estabelecem os comportamentos alimentares que muitas vezes perduram por toda a vida. Mirna observa que a evidência sobre estilo de vida saudável deve ser acompanhada pela criação de ambientes propícios para escolha de hábitos melhores. Escolas devem incentivá-los por meio de educação alimentar, e espaços ao ar livre devem ser acessíveis para atividades físicas.
É uma emergência global observar que as doenças cardiovasculares já afetam brutalmente a saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) atestou que essas condições matam quase 18 milhões de pessoas anualmente, uma realidade que não pode ser ignorada.
No fim das contas, investir em prevenção é mais eficaz do que usar tratamentos que visam apenas à recuperação. Para que isso se concretize, precisamos de um esforço conjunto para oferecer opções saudáveis e educar as gerações mais jovens sobre hábitos que promovam saúde, longevidade e bem-estar.