Uma pesquisa recente derruba a desinformação que circulou durante a pandemia de COVID-19, indicando que não houve aumento de casos de parada cardíaca ou morte súbita entre atletas jovens nos Estados Unidos em decorrência da doença ou da vacina. O estudo, publicado na revista científica JAMA Network Open, evidencia que os registros de parada cardíaca e morte súbita entre atletas foram semelhantes entre o período de 2017 a 2019 e o período pandêmico de 2020 a 2022.
Métodos da Pesquisa
O estudo analisou laudos médicos e dados de atletas com idades entre 10 e 34 anos, coletados por um programa do National Center for Catastrophic Sport Injury Research (NCCSIR). Criado em 2014, esse programa tem como objetivo acompanhar lesões e doenças relacionadas à prática esportiva. Os resultados mostraram que houve 184 registros de paradas cardíacas ou mortes súbitas durante a pandemia, em comparação com 203 casos no período anterior.
Os pesquisadores incluíram atletas de diferentes níveis (juvenil, ensino médio, faculdade e profissional) e de vários esportes, como basquete, futebol americano e futebol. A parada cardíaca foi definida como um colapso inesperado que requereu ressuscitação cardiopulmonar ou desfibrilação, enquanto os casos de óbito foram aqueles com causas cardíacas ou que não tinham outra explicação.
Combate à Desinformação
O estudo contrasta com as associações infundadas que circulavam nas redes sociais, onde casos de atletas que sofreram paradas cardíacas eram frequentemente vinculados à COVID-19 e à vacinação. Em 2021, vídeos e informações errôneas foram amplamente divulgados, sugerindo que a pandemia estava diretamente relacionada a eventos cardíacos em atletas.
O diretor do UW Medicine Center for Sports Cardiology, Jonathan Drezner, que supervisionou a pesquisa, afirmou que a análise mostrou que não houve aumento significativo na incidência de miocardite ou parada cardíaca súbita durante a pandemia.
O Que Aconteceu Com Atletas Famosos
Casos recentes, como o do jogador de futebol americano Damar Hamlin, que sofreu uma parada cardíaca em campo, reacenderam o debate sobre a relação entre COVID-19 e problemas cardíacos. Apesar de sua recuperação, sua situação foi utilizada por ativistas antivacina para reforçar narrativas infundadas. Outro caso notável foi o de Bronny James, filho de LeBron James, cujo episódio de parada cardíaca foi atribuído a uma condição congênita, mas também mobilizou desinformação.
Importância dos Resultados
Estudos anteriores já haviam demonstrado a falta de evidências que conectassem a vacinação contra a COVID-19 a um aumento no risco de parada cardíaca em atletas. Este novo estudo reforça a segurança das vacinas e indica que a COVID-19 não provoca doenças cardíacas em atletas jovens.
A parada cardíaca não é comum, mas pode ocorrer por várias razões, incluindo condições congênitas que nem sempre são detectadas. Morte súbita em atletas jovens pode ocorrer em até três em cada 100 mil, mesmo na ausência de anomalias cardíacas.
As conclusões da pesquisa são cruciais para desmascarar teorias equivocadas que podem ameaçar a saúde pública. O artigo completo, intitulado "Sudden Cardiac Arrest Among Young Competitive Athletes Before and During the COVID-19 Pandemic", pode ser acessado na JAMA Network Open aqui.
Informações da Agência FAPESP