A estrela conhecida como WOH G64, originalmente catalogada em 1981, está passando por transformações surpreendentes e intrigantes, de acordo com um artigo disponível no repositório online de pré-impressão ResearchSquare. Essa estrela, localizada na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea a uma distância de cerca de 160 mil anos-luz da Terra, é classificada como uma supergigante vermelha.
Uma característica marcante de WOH G64 é sua grande instabilidade, o que a faz perder massa mais rapidamente do que qualquer outra supergigante vermelha já observada. Recentemente, a estrela passou por uma transformação ainda mais radical, conforme observado por pesquisadores por meio de telescópios como o Very Large Telescope (VLT) e Magellan, no Chile.
A temperatura da estrela aumentou significantemente, passando de aproximadamente 3.000 °C para cerca de 4.500 °C. Além disso, houve uma mudança notável na coloração do objeto, que foi de avermelhada para azulada, e uma alteração em sua assinatura química, com emissões mais intensas de ferro e níquel.
Alceste Bonanos, astrônoma do Observatório Nacional de Atenas e membro da equipe de pesquisa, expressou surpresa diante das mudanças inesperadas observadas em WOH G64, a ponto de um colega considerá-las como resultado de uma análise equivocada de outra estrela.
Os cientistas estimam que a transição pela qual WOH G64 está passando ocorreu nos últimos anos, gerando mudanças drásticas na estrela, que agora tem metade do tamanho original e emite uma luz cem vezes menos brilhante. Esse período de transformação foi observado entre 2009 e 2016, com destaque para uma possível transição para uma hipergigante amarela, estágio intermediário inédito.
As evidências levam os pesquisadores a considerar a hipótese de que WOH G64 faz parte de um sistema binário, possuindo uma estrela companheira cuja interação gravitacional pode ter acelerado a transição e a perda de massa da estrela principal.
Jacco van Loon, coautor da pesquisa e professor na Universidade de Keele, no Reino Unido, ressaltou a velocidade surpreendente com que WOH G64 está passando por transformações, indicando um registro único e valioso para a astronomia.
No entanto, a astrônoma Roberta Humphreys, da Universidade de Minnesota, EUA, sugere uma interpretação alternativa, defendendo que WOH G64 sempre foi uma hipergigante amarela e que a fase de supergigante vermelha foi apenas temporária. Essa variação é considerada rara, embora tenha sido previamente observada.
Para aprofundar a compreensão sobre o que está ocorrendo com WOH G64, a equipe de pesquisa continuará monitorando a estrela por meio do VLT, a fim de obter mais dados que possam indicar se a estrela está prestes a se tornar uma supernova ou se há outros fenômenos misteriosos em jogo. A identificação dessas mudanças pode fornecer insights valiosos sobre a evolução e os processos estelares, ajudando a desvendar os mistérios do universo.