A importância da conscientização, capacitação e investimento na ampliação da genômica em políticas públicas

Por Redação
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A falta de conhecimento sobre os benefícios da genômica humana para a saúde pública e individual, somada à escassez de profissionais qualificados e ao baixo investimento, está entre os desafios que os países precisam superar para implementar políticas públicas equitativas na área. Para enfrentar essas questões, é essencial lançar iniciativas que comuniquem de forma clara o potencial da genômica a diferentes públicos, envolvendo todos os setores interessados. Além disso, a implementação de ações baseadas em prioridades locais e nas melhores práticas internacionais também é um caminho a ser perseguido. Como resultado, espera-se ampliar o uso da genômica em pesquisas e na prática clínica, promovendo avanços na prevenção, no diagnóstico e tratamento de diversas doenças.

Todo esse panorama está descrito no primeiro artigo publicado pelo Grupo Consultivo Técnico sobre Genômica (TAG-G) da Organização Mundial da Saúde (OMS) na revista Nature Medicine. Formado por especialistas internacionais, sob a presidência da neurocientista brasileira Iscia Lopes-Cendes, o grupo tem entre suas funções chamar a atenção para oportunidades e experiências existentes na área, fornecendo orientação técnica e recomendando atividades prioritárias para acelerar o acesso a essas tecnologias.

O DNA traz uma espécie de “manual de instruções” presente em cada célula do corpo, sendo responsável por armazenar e transmitir as informações genéticas herdadas dos pais. Influencia desde a cor dos olhos até o risco de desenvolver doenças ao longo da vida. A partir da publicação na Nature, em 2001, da primeira versão do esboço do genoma humano – com uma sequência de mais de 3 bilhões de pares de bases – houve uma aceleração no desenvolvimento de ferramentas genômicas. Avanços e aperfeiçoamentos dessas tecnologias e de testes genéticos têm contribuído para a saúde individual e a criação de políticas públicas mais assertivas. Esses testes são exames que analisam o DNA de uma pessoa para procurar mutações ou alterações que podem aumentar o risco de doenças e até mesmo causá-las. Fornecem informações importantes sobre as chances de o paciente desenvolver certas condições de saúde, como diabetes, doenças cardíacas ou autoimunes. Com isso, é possível adotar medidas de prevenção e tratamento direcionado.

Além disso, as análises de DNA oferecem dados importantes para sinalizar tendências de saúde pública, como maior propensão a certas doenças em determinada região, permitindo a criação de programas específicos para a área ou o desenvolvimento de projetos que atendam determinadas enfermidades. No Brasil, os testes genéticos estão disponíveis na rede particular, e o Sistema Único de Saúde (SUS) vem, aos poucos, implantando algumas ações. O Programa Nacional de Genômica e Saúde de Precisão (Genomas Brasil), criado em 2020, foi reformulado no ano passado com o objetivo de estabelecer as bases para o desenvolvimento da saúde pública de precisão.

O TAG-G foi criado em setembro de 2023 para fornecer à OMS consultoria técnica sobre genômica e apoiar no trabalho para acelerar o acesso ao conhecimento dessas tecnologias, especialmente em países de baixa e média renda. Em maio de 2024, a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) realizou uma reunião regional como um primeiro passo para promover a implementação da genômica na medicina clínica, na saúde pública e no fortalecimento da pesquisa nas Américas, com a participação de integrantes do TAG-G. O artigo The WHO genomics program of work for equitable implementation of human genomics for global health pode ser lido em: https://www.nature.com/articles/s41591-024-03225-x#Bib1.

Informações da Agência FAPESP

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