Um novo estudo publicado recentemente na revista Nature trouxe à tona descobertas surpreendentes sobre a origem da “Pedra do Altar” em Stonehenge, um dos monumentos mais famosos e enigmáticos do mundo. De acordo com os pesquisadores, a pedra viajou cerca de 700 quilômetros do norte da Escócia até Salisbury, no sul da Inglaterra, desafiando as crenças anteriores sobre a composição do monumento.
Os professores Mike Parker Pearson, da University College London, e Richard Bevins, da Aberystwy University, conduziram o estudo que aponta para uma possível tentativa muito antiga de unificação dos povos locais por meio da construção de Stonehenge. Essa teoria, se confirmada, poderia reescrever a história do monumento e sua importância como símbolo de identidade e união.
A escolha das pedras de origens tão distintas reforça a singularidade de Stonehenge em relação a outros círculos de pedra na Grã-Bretanha. Enquanto a maioria das construções pré-históricas utilizava rochas de áreas próximas, Stonehenge se destaca como uma tentativa ambiciosa de criar uma identidade compartilhada em toda a ilha, durante um período de intensa imigração europeia.
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A Pedra do Altar, em particular, pode ter desempenhado um papel crucial nesse projeto de unificação, possivelmente sendo um presente do povo neolítico do norte da Escócia para simbolizar uma aliança ou participação no grandioso empreendimento que era Stonehenge. As semelhanças arquitetônicas e culturais entre as regiões de Stonehenge e o norte da Escócia indicam uma conexão ancestral que pode ter influenciado a construção do monumento.
A chegada da Pedra do Altar coincide com um momento de mudanças significativas na composição genética e cultural da população neolítica da Grã-Bretanha, devido a uma onda de imigração vinda das estepes europeias. Stonehenge pode ter sido uma resposta a essa turbulência, uma tentativa de reafirmar a identidade e a unidade dos habitantes originais diante da chegada de novos grupos.
No entanto, mesmo com o esforço de unificar pessoas de diferentes regiões da ilha, Stonehenge não foi capaz de concretizar seu ideal de união. A cultura trazida pelas ondas migratórias acabou por suplantar a cultura neolítica original, marcando o fim de uma era. Assim, o monumento se torna um testemunho simbólico de uma tentativa falida de unificação que, ironicamente, não obteve sucesso.
Em resumo, a descoberta da origem da Pedra do Altar em Stonehenge abre novas perspectivas e questionamentos sobre o propósito e significado desse monumento milenar. A hipótese de uma tentativa de unificar povos locais em um momento de grandes transformações culturais e demográficas lança luz sobre a complexidade da sociedade neolítica britânica e nos faz repensar a importância de Stonehenge em nossa compreensão do passado e da evolução humana.

