Um grupo de pesquisadores brasileiros demonstrou a relação da latitude e de variáveis ecológicas no tamanho corporal das vespas. De acordo com o estudo publicado no Biological Journal of the Linnean Society, quanto mais próximo do Equador, maiores são as espécies do gênero Polistes. Essa conclusão contradiz a teoria do século 19 de que os maiores animais estariam em latitudes mais altas.
Segundo André Rodrigues de Souza, pesquisador da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP) apoiado pela FAPESP, a latitude é determinante para as diferenças no tamanho corporal das vespas. Espécies localizadas em áreas mais próximas do Equador, com temperaturas mais altas, tendem a ser maiores em comparação com aquelas em latitudes mais altas e regiões mais frias.
A hipótese oposta da regra de Bergmann, formulada por autores que estudaram animais ectotérmicos, sugere que animais menores estariam em latitudes mais altas, em climas frios e com baixa sazonalidade. Isso se deve ao curto período de alimentação em ambientes mais sazonais e com baixas temperaturas, o que resultaria em vespas menores. Nas regiões tropicais, com longos períodos favoráveis para se alimentar, as vespas tendem a crescer mais.
Os pesquisadores analisaram 429 exemplares de vespas de 39 espécies das Américas e encontraram uma relação direta entre latitude e tamanho do corpo. A escolha das espécies americanas do gênero Polistes foi devido à bem resolvida filogenia do grupo na região. Estudos anteriores já haviam mostrado que a regulação térmica não era o fator principal para determinar o tamanho das vespas, refutando a Regra de Bergmann.
Além de contribuir para uma visão evolutiva mais ampla das vespas, o estudo destaca a importância da conservação de seus hábitats e das coleções entomológicas para a pesquisa contínua das espécies. O trabalho contou com a colaboração de pesquisadores de outras instituições, como as universidades federais do Triângulo Mineiro (UFTM) e de Viçosa (UFV), e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O artigo completo pode ser acessado em: https://academic.oup.com/biolinnean/advance-article-abstract/doi/10.1093/biolinnean/blae074/7738264.
Informações da Agência FAPESP