A atmosfera terrestre sempre desempenhou um papel fundamental na proteção da vida no planeta. Com a camada de ozônio bloqueando grande parte da radiação ultravioleta emitida pelo Sol, e a magnetosfera protegendo contra partículas solares e cósmicas, a Terra foi capaz de abrigar uma rica biodiversidade e permitir a evolução de formas de vida complexas ao longo dos bilhões de anos de existência.
No entanto, surge o questionamento sobre a eficácia dessas defesas naturais diante das poderosas explosões de supernovas. A cada milhão de anos, uma estrela massiva explode a uma distância de aproximadamente 326 anos-luz da Terra. Essas explosões, especialmente se ocorrerem nas proximidades do nosso planeta, podem ter efeitos significativos e potencialmente perigosos.
Os cientistas têm investigado os possíveis impactos das supernovas na Terra, incluindo a ameaça de extinções em massa. A radiação gama e os raios cósmicos provenientes de uma supernova podem enfraquecer a camada de ozônio, possibilitando que a radiação ultravioleta atinja a superfície terrestre. Além disso, a formação de aerossóis na atmosfera poderia aumentar a cobertura de nuvens e gerar um resfriamento global considerável.
Um estudo recente, publicado na revista “Nature Communications Earth and Environment” e liderado por Theodoros Christoudias, do Instituto de Chipre, questionou a resistência da camada de ozônio diante das explosões de supernovas. Evidências de supernovas passadas incluem a detecção do isótopo radioativo ferro-60 em sedimentos oceânicos, indicando explosões há milhões de anos, bem como a correlação de uma supernova com a extinção do Devoniano Tardio, cerca de 370 milhões de anos atrás.
A camada de ozônio da Terra tem a capacidade de se regenerar continuamente, porém, uma supernova próxima poderia sobrecarregar esse ciclo, resultando em uma menor densidade de ozônio e uma maior exposição à radiação UV. Em simulações, os pesquisadores verificaram que uma supernova a 326 anos-luz de distância causaria um esgotamento máximo de ozônio, sem representar uma ameaça significativa à biosfera.
Para períodos anteriores na história terrestre, como o pré-Cambriano, quando a atmosfera possuía apenas 2% de oxigênio, a perda de ozônio seria mais expressiva, porém, ainda assim, não teria impactos catastróficos na biosfera em desenvolvimento. O estudo também avaliou os potenciais efeitos no resfriamento global, indicando que as mudanças seriam comparáveis às diferenças entre a atmosfera pré-industrial e a atmosfera atualmente poluída.
Os pesquisadores destacam que, apesar dos riscos à saúde humana e animal devido à radiação ionizante elevada, a biosfera na Terra continuaria a prosperar diante de supernovas próximas. Concluem que é improvável que esses eventos tenham causado extinções em massa, graças à proteção oferecida pela atmosfera e pelo campo geomagnético terrestres.
Portanto, o estudo reafirma a robustez da biosfera terrestre frente às explosões de supernovas, desde que essas se mantenham a uma distância segura. A atmosfera e a magnetosfera da Terra são capazes de lidar com a radiação adicional, garantindo a evolução e prosperidade contínua da vida no planeta diante das ameaças cósmicas.