Reconstrução de cidades no Rio Grande do Sul deve considerar a adaptação ao clima, com alerta para outros municípios

Por Redação
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A reconstrução das cidades afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul precisa considerar os impactos das mudanças climáticas, incluindo a possibilidade de realocar cidades inteiras para locais diferentes. Essa avaliação foi feita por José Marengo, pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Nacionais (Cemaden), em um evento promovido pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP).

Para Marengo, a tragédia recente evidenciou a falta de preparo das cidades brasileiras para eventos extremos, que estão se tornando mais frequentes devido às mudanças climáticas. Ele ressaltou que o Brasil gasta mais recursos para lidar com os impactos de desastres climáticos do que investe em medidas preventivas, o que resultou em significativas perdas humanas e econômicas nos últimos anos.

O pesquisador destacou que as ações para reconstrução após desastres costumam receber mais atenção e recursos do que as medidas de prevenção, o que evidencia a necessidade de uma mudança de paradigma na abordagem dessas questões. Marengo ressaltou que desastres naturais são resultantes de uma combinação de fatores, incluindo vulnerabilidade e exposição da população, e que é fundamental repensar as políticas públicas e os planos diretores dos municípios para lidar de forma mais eficaz com essas situações.

Outros especialistas presentes no evento, como Ariaster Chimeli e Pedro Jacobi, também ressaltaram a importância de repensar a relação entre desenvolvimento urbano, mudanças climáticas e sustentabilidade. A necessidade de implementar políticas que articulem essas questões e promovam a resiliência das cidades diante dos desafios climáticos foi enfatizada como uma prioridade.

Carlos Nobre, climatologista, alertou para a intensificação das chuvas na região sul do Brasil devido às mudanças climáticas e defendeu a revisão das metas de redução de emissões de gases do efeito estufa. Thelma Krug, vice-presidente do IPCC até 2022, ressaltou a importância de trazer dados atualizados e considerar as particularidades do Sul Global nos relatórios do Painel.

O evento, mediado por Marcos Buckeridge, professor da USP, está disponível na íntegra no seguinte link: https://youtu.be/PGouapbH8Ac.

Informações da Agência FAPESP

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