Bactérias dos filos Firmicutes e Proteobacteria, entre elas as do gênero Streptococcus, são os microrganismos mais comuns na saliva de suínos, compondo uma microbiota distinta da observada nas fezes e no ambiente em que os animais vivem. Os pesquisadores das universidades de São Paulo (USP) e Pennsylvania State (Estados Unidos) realizaram uma análise inédita na literatura científica, cujos resultados foram publicados na revista Scientific Reports. Essas descobertas podem contribuir para a identificação de marcadores de saúde gastrointestinal em suínos, que são responsáveis por grande parte da produção de carne no Brasil.
A cavidade oral, sendo uma porta de entrada para diversas bactérias que afetam a saúde dos animais, também pode ser a solução para esses problemas. A microbiota presente na boca, com efeito protetor conhecido em humanos, pode ter uma função semelhante nos suínos.
Um estudo apoiado pela FAPESP, por meio dos projetos 17/22184-7 e 19/19473-2, analisou a microbiota do fluido oral de 50 leitões desmamados de granjas comerciais em São Paulo. Essa fase da vida dos animais é considerada estressante devido às mudanças na dieta e na separação das matrizes, o que pode resultar em variações na microbiota e em doenças.
Os resultados da análise indicaram que a maioria das bactérias presentes no fluido oral dos leitões pertence aos filos Firmicutes e Proteobacteria, destacando os gêneros Streptococcus e Veillonella. Essa composição variou entre as diferentes granjas estudadas. A diversidade bacteriana no fluido oral foi inferior à encontrada nas fezes e no ambiente, indicando uma relação significativa entre essas microbiotas.
O estudo também revelou semelhanças na composição bacteriana das fezes dos animais, independentemente do tamanho da granja ou dos procedimentos de higienização adotados. Essas descobertas são importantes para compreender a saúde gastrointestinal dos suínos e podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias para melhorar a produção de carne.
A compreensão da microbiota presente no fluido oral dos suínos pode fornecer insights valiosos para a saúde animal e a indústria de produção de carne. A identificação de marcadores de saúde bucal e bactérias associadas a doenças pode abrir novas possibilidades para intervenções preventivas e terapêuticas.
O próximo passo dos pesquisadores é investigar as mudanças no perfil bacteriano dentro do intestino dos animais, comparando as bactérias presentes na boca e nas fezes. Essa pesquisa pode oferecer novas perspectivas sobre a saúde gastrointestinal dos suínos e potenciais estratégias para aprimorar a produção de carne.
O artigo completo pode ser acessado em: www.nature.com/articles/s41598-024-54269-5.
