Assembleia Geral da ONU dá status de ‘Estado observador’ aos palestinos

Por Redação
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A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) modificou nesta quinta-feira (29) o status dos territórios palestinos, de “entidade observadora” para “Estado observador não-membro” na organização, no que significa um reconhecimento implicito da existência do Estado Palestino no Oriente Médio.

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O pedido palestino foi aprovado por vasta maioria, de 138 votos a 9. Abstiveram-se da votação, ocorrida na sede das Nações Unidas em Nova York, 41 países.

O Brasil, que reconhece desde 2010 a existência do Estado Palestino, votou favoravelmente e foi um dos co-patrocinadores da resolução resolução A/67/L28, que deixa a Palestina com estatuto semelhante ao do Vaticano na ONU.

Em nota divulgada na noite desta quinta, o Itamaraty parabenizou a Palestina e apelou pela retomada do processo de paz com Israel.

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Apesar de a mudança não alterar o funcionamento da organização, ela permite que a Palestina tenha acesso a agências da ONU, além de sua admissão no Tribunal Penal Internacional –que poderia ser acionado por autoridades do território contra Israel.

A petição foi apresentada pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pouco depois das 15h30 no horário de Nova York (18h30 de Brasília) desta quinta.

A aprovação foi uma grande vitória diplomática, mas que expõe as autoridades palestinas a represálias econômicas por parte de Estados Unidos e Israel, que votaram contra.

Discurso de Abbas
Abbas, que foi bastante aplaudido antes, durante e depois de sua fala de 22 minutos, disse que o povo palestino fez o pedido porque acredita na paz e precisa desesperadamente dela.

O presidente palestino lembrou que, há 65 anos, a Assembleia Geral havia adotado a resolução 181, que dividiu o que ele chamou de "a histórica terra palestina" em dois Estados e "se transformou na certidão de nascimento de Israel".

Ele pediu aos países da Assembleia que emitissem agora a "certidão de nascimento" do estado palestino, acrescentando que o reconhecimento era a "última tentativa" de salvar o processo de paz entre palestinos e israelenses.

Israel contra
Em seguida à fala de Abbas, o embaixador de Israel na ONU, Ron Prosor, apresentou as razões pelas quais seu país era contra a petição, que, segundo ele, é "tão unilateral, que afasta a possibilidade de paz" na região, em vez de a perseguir.

"Não há atalhos, não há soluções fáceis", disse Prosor. "A paz não pode ser imposta de fora."

Ele afirmou que a resolução "cria expectativas que não pode cumprir" e acusou os palestinos de "nunca terem reconhecido" o Estado de Israel.

Segundo ele, a resolução não contempla o problema da segurança de Israel.

Ban Ki-moon
Após a votação, o secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou que o resultado da votação não substitui a importância das negociações.

Ele disse acreditar na legitimidade dos palestinos em deter o seu próprio Estado e apelou às partes que renovem o compromisso de paz.

EUA pedem negociação direta
A representante dos EUA na ONU, Susan Rice, ao justificar seu voto contrário, logo após a votação, pediu aos dois lados que retomem as negociações diretas de paz e advertiu contra ações unilaterais.

"Os Estados Unidos pedem a ambos os lados que retomem as negociações diretas de paz, sem condições prévias, e prometem estar lá para ajudar as partes vigorosamente nesses esforços", disse Rice.

"Os EUA vão continuar a pedir a todos os lados que evitem mais ações provocativas na região, em Nova York ou em qualquer lugar."

"Os grandes anúncios de hoje logo passarão e o povo palestino despertará amanhã vendo que pouco mudou em suas vidas, exceto pela redução das perspectivas de uma paz duradoura", disse Rice. "Esta resolução não estabelece que a Palestina é um Estado."

G1

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