banner

Malala se torna mentora de 3 jovens ativistas no Brasil

4 Min

© REUTERS/Saiyna Bashir

Durante sua primeira visita ao Brasil, a paquistanesa Malala Yousafzai, ícone global da luta pela educação e igualdade de gênero, afirmou querer fomentar o debate sobre educação de meninas nas eleições brasileiras deste ano e reiterou que o poder sobre os rumos do país não está nas mãos dos políticos.

“O poder está nas mãos das pessoas. Use esse poder e eleja pessoas que vão representá-lo bem”, disse.

“Os políticos precisam ser lembrados de novo e de novo que eles têm de ouvir as necessidades das pessoas.”

Segundo ela, a crise econômica e política do país não pode comprometer os objetivos do Plano Nacional de Educação porque o acesso ao conhecimento, segundo ela, estratégico para o desenvolvimento do país. Ela lembrou que cerca de 1,5 milhões de meninas ainda não têm acesso a educação no Brasil.

Malala começou a militar aos 11 anos, quando registrava num blog sua vida sob o regime de terror do Taleban, que proibia garotas de frequentar a escola.

Aos 15 anos, ela foi alvo de um atentado do grupo extremista islâmico que quase lhe tirou a vida. Um taleban invadiu um ônibus procurando por ela, e atirou em sua cabeça, ferindo ainda duas colegas.

No ano seguinte, ainda na cama de um hospital no Reino Unido, fundou com o pai, o educador Ziauddin Yousafzai, o Malala Fund, organização voltada à promoção da educação de meninas no mundo todo, que hoje movimenta US$ 10 milhões ao ano.

“Eles acharam que as balas nos silenciariam, mas falharam. E, do silêncio, surgiram milhares de vozes”, discursou nas Nações Unidas poucos meses depois de deixar o hospital, e pouco antes de se tornar a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, em 2014.

A trajetória extraordinária de Malala já foi objeto de livros e documentários e, nesta semana, ganhou um capítulo brasileiro.

Malala completará 21 anos durante sua primeira visita ao Brasil, que marcará a expansão das atividades do Malala Fund para a América Latina, onde deve investir US$ 700 mil nos projetos de três jovens ativistas pela educação.

“A minha melhor vingança será educar a todos, inclusive as filhas e irmãs daqueles que me atacaram”, brincou ela, durante debate sobre educação e empoderamento feminino promovido pelo Itaú na última segunda-feira (9) em São Paulo.

Malala hoje frequenta a prestigiosa Universidade Oxford, no Reino Unido, uma das mais importantes instituições educacionais do mundo e explica que, mesmo entre as garotas que chegaram até ali, há certo sentimento de inferioridade.

- Advertisement -

“Mesmo em Oxford, você vê mulheres inseguras mesmo quando estão certas em contraste com homens superconfiantes, mesmo quando não estão certos.”

Durante o evento, Malala falou da importância de envolver os homens na luta por igualdade de gênero. “Meu pai decidiu que seria feminista, mas teve que lutar contra ele mesmo e contra a ideologia que diz que mulheres têm um lugar separado na sociedade, com menos oportunidades”, contou.

“O papel de pais e irmãos é muito importante. É uma responsabilidade compartilhada. Para quebrar as barreiras que as mulheres enfrentam, precisamos educar homens e meninos. Eles precisam perceber que igualdade entre os gêneros é boa para todos, gerando mais oportunidades de trabalho e criando ambientes mais seguros e prósperos.”

Com informações da Folhapress.

Compartilhe Isso