Lula Defende Integração Regional em Discurso na IV Cúpula da CELAC e UE
No último domingo, 9 de novembro, em Santa Marta, Colômbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente na IV Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e da União Europeia (UE). Em sua fala, Lula defendeu a importância central de ambas as regiões para uma ordem mundial pautada na paz, no multilateralismo e na multipolaridade. Ele alertou sobre a crise de integração regional que, segundo ele, tem levado a América Latina a uma situação de "balcanização".
“Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria,” afirmou o presidente, enfatizando a necessidade urgente de avanços concretos na pauta econômica, especialmente no que se refere ao Acordo MERCOSUL-União Europeia. Destacou que o momento atual é marcado por ameaças crescentes, como o extremismo político e o crime organizado, além dos impactos adversos da guerra na Europa sobre os recursos essenciais para o desenvolvimento da região.
O presidente foi enfático ao afirmar que “somos uma região de paz e queremos permanecer assim.” Ele ressaltou que a democracia não deve ser comprometida por práticas que violem o direito internacional, pois isso resulta em um cerceamento das instituições democráticas e do espaço público. Lula condenou a ascensão da intolerância e a manipulação da informação, que têm dificultado a cooperação e transformado cúpulas em meros encontros vazios.
A segurança, segundo Lula, é um dever do Estado e um direito humano fundamental. Ele enfatizou que o combate ao crime organizado deve ser uma ação coordenada entre os países, citando como exemplos de sucesso a renovação do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, iniciativas que destacam a importância da colaboração entre nações.
Na esfera econômica, o presidente expressou otimismo em relação ao Acordo MERCOSUL-União Europeia, afirmando que ele representa uma oportunidade para fortalecer o multilateralismo comercial e integrará um mercado de 718 milhões de pessoas. Essa integração é vista como essencial para que a América Latina e o Caribe deixem de ser meros fornecedores de matéria-prima e mão-de-obra barata.
Lula também mencionou a COP30, que será realizada na Amazônia, como uma chance para a região se posicionar como líder na transição energética. Ele ressaltou a importância de conservar as florestas, defendendo que “nossa região é fonte segura e confiável de energia limpa.”
Ao final de seu discurso, Lula fez uma proposta inovadora ao sugerir que é hora de uma latino-americana ocupar o cargo de Secretária-Geral da ONU. “Precisamos enviar ao mundo um sinal de que América Latina, Caribe e Europa estão comprometidos com uma agenda de paz, cooperação e crescimento sustentável,” afirmou.
Esta cúpula, a quarta entre a CELAC e a UE, encerrou-se com a expectativa de consolidar a “Declaração de Santa Marta” e o “Mapa do Caminho 2025-2027”, instrumentos que visam converter o diálogo birregional em ações concretas. A CELAC, criada em 2010, reúne os 33 países da América Latina e do Caribe e tem o objetivo de promover o diálogo e a cooperação em áreas essenciais para o desenvolvimento regional.
Com informações da Agência Gov
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