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Empreendimentos solidários: resíduos geram renda e preservam o meio ambiente

4 Min

Economia Popular e Solidária: Um Caminho Sustentável para o Futuro

A economia popular e solidária vai além da simples geração de trabalho e renda; ela se firmou como um modelo que promove a autogestão e a cooperação, ao mesmo tempo em que cuida do meio ambiente. No Brasil, iniciativas espalhadas de Norte a Sul do país demonstram que é possível transformar resíduos em oportunidades, contribuindo para a sustentabilidade e a inclusão social.

Em Nova Mamoré, em Rondônia, encontramos Elvis Ricardo Bezerra, membro ativo de uma associação de catadores composta por 16 integrantes. Juntos, eles realizam um trabalho incansável na coleta de resíduos, que inclui a floresta, margens de rios e áreas urbanas. “Todo mês, recolhemos cerca de cinco toneladas de materiais recicláveis em nosso município”, relata Elvis, enfatizando que sua atuação não se limita à geração de renda, mas também reflete um compromisso firme com a preservação ambiental.

Um dos desafios enfrentados por Elvis é o descarte das garrafas de vidro, que frequentemente não têm valor de mercado. “Mesmo sem retorno financeiro, continuo recolhendo as garrafas. Em apenas uma semana, retirei 500 quilos de vidro do meio ambiente”, destaca, mostrando que a consciência ambiental é um motor poderoso de sua ação.

No Sul do país, em Florianópolis (SC), a Associação União Norte realiza um trabalho semelhante, porém com um foco diferente: o empoderamento feminino. Por meio de oficinas de artesanato que utilizam materiais recicláveis, a associação oferece uma fonte de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Fernanda da Cruz Martins, representante da União Norte, ressalta que o uso de bitucas de cigarro, um dos resíduos mais comuns nas praias brasileiras, se transforma em produtos como biojoias e objetos decorativos. “Duas bitucas equivalem a dois litros de esgoto no meio ambiente. Por isso, é necessário ter um olhar sustentável para esse processo”, explica Fernanda.

Além das bitucas, a associação explora outros resíduos, como cascas de ovos e borra de café, buscando sempre inovar. A mais recente experiência com o scoby da kombucha — uma massa gelatinosa que normalmente vai para o lixo — é um exemplo claro de como a criatividade pode transformar o que seria desperdício em produtos valiosos.

Essas iniciativas são respaldadas por políticas públicas, como a recente Lei Paul Singer, sancionada em dezembro de 2024, que regulamenta a Política Nacional de Economia Popular e Solidária. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria Nacional de Economia Popular e Solidária (Senaes), tem articulado ações para fortalecer esses empreendimentos, incluindo a reativação do Cadastro Nacional de Empreendimentos Solidários (Cadsol), que garante reconhecimento e acesso a políticas públicas.

O potencial da economia popular e solidária é imenso, não apenas como uma alternativa econômica, mas como um agente de transformação social e ambiental. Iniciativas como as de Elvis e Fernanda mostram que, com criatividade e cooperação, é possível construir um futuro mais sustentável e justo. Os produtos da Associação União Norte estão disponíveis no Mercado Público de Florianópolis, servindo como um lembrete de que a escolha por um consumo consciente também é uma forma de apoiar a economia solidária.

Com informações da Agência Gov

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