Quem cuida de quem cuida? Essa é a pergunta que ecoa no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Fernando Diniz, localizado na Penha, zona norte do Rio de Janeiro. Nesse espaço, familiares de pacientes em sofrimento psíquico se reúnem em rodas de conversa, onde encontram acolhimento e escuta. Essas reuniões se tornam um refúgio, um momento de alívio para aqueles que enfrentam a dura rotina de acompanhar e cuidar de entes queridos que lutam diariamente contra desafios mentais.
Na maioria dos casos, são mulheres que assumem esse papel primordial. Mães, avós e irmãs dedicam suas vidas ao cuidado, muitas vezes colocando de lado seus próprios sonhos e projetos em nome do amor incondicional que sentem. Essas guardiãs de um afeto quase infinito enfrentam não apenas a carga emocional de cuidar de um familiar, mas também a pressão social e financeira que essa responsabilidade acarreta. Como afirma Maria, uma das participantes das rodas de conversa, "é um peso que a gente carrega, mas que fazemos com amor, mesmo que isso signifique abrir mão de tantas coisas".
É nesse contexto que surge o documentário Nossa Casa, uma produção da IdeiaSUS Fiocruz e da VideoSaúde Fiocruz, já disponível no canal da IdeiaSUS no YouTube e na Plataforma de Filmes da Fiocruz. Dirigido por Wagner Oliveira, o filme capta a essência das histórias dessas mulheres batalhadoras, revelando a força e a vulnerabilidade de quem cuida diariamente de filhos, irmãos e netos, muitos deles diagnosticados com esquizofrenia.
O lançamento do documentário acontece durante o Setembro Amarelo, um mês dedicado à conscientização e prevenção ao suicídio. Esse timing não é casual; reforça um chamado urgente para refletir sobre a importância do cuidado humanizado às pessoas com transtornos mentais, mas também sobre o suporte necessário às famílias que compartilham dessa jornada desgastante.
Através das lentes de Wagner Oliveira, o documentário expõe não apenas as dificuldades enfrentadas, mas também as pequenas vitórias, as alegrias simples que surgem no cotidiano. O filme é um convite à empatia, uma oportunidade de ouvir e aprender com aquelas que, por trás do cuidado, muitas vezes se sentem invisíveis e sobrecarregadas.
Em um mundo onde a saúde mental ainda é um tabu, iniciativas como essas são essenciais. Nossa Casa não apenas ilumina as histórias de quem cuida, mas também clama por um olhar mais atento e uma rede de apoio mais robusta para essas mulheres que, enquanto cuidam, também precisam de cuidado. O documentário é uma lembrança poderosa de que cuidar é um ato de amor, mas que esse amor também deve ser nutrido.
Com informações da Agência Gov
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