banner

Bravura da tripulação do Vital de Oliveira: 81 anos de resistência

4 Min

O Naufrágio do Vital de Oliveira: Uma Tragédia Naval que Marcou a História do Brasil

Na noite de 19 de julho de 1944, um breve momento de terror transformou-se em uma das maiores tragédias da história naval brasileira. O Navio-Auxiliar Vital de Oliveira, da Marinha do Brasil, foi torpedeado pelo submarino alemão U-861, resultando na perda de 100 vidas em apenas três minutos. Este incidente ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, um período em que o Brasil já havia declarado guerra ao Eixo, respondendo a ataques sucessivos a navios mercantes brasileiros.

O ataque se desenrolou ao sul do Cabo de São Tomé, na costa do Rio de Janeiro. Às 23h55, uma explosão devastadora atingiu a popa da embarcação, causando seu afundamento quase imediato. Entre os cerca de 270 tripulantes, estavam três oficiais subalternos, três suboficiais, 16 sargentos, 15 cabos, e 34 marinheiros, além de um passageiro civil. O Comandante do navio, Capitão de Fragata João Batista de Medeiros Guimarães Roxo, e seu Oficial de Quarto, Primeiro-Tenente Osmar Dominguez Alonso, rapidamente mobilizaram a guarnição, mas o caos se instaurou rapidamente. Relatos de sobreviventes revelam que não havia tempo suficiente para arriar os botes salva-vidas, e muitos se lançaram ao mar na completa escuridão, em busca de sobrevivência.

Nos dias seguintes, a Marinha do Brasil e o barco pesqueiro Guanabara realizaram resgates heroicos, salvando alguns dos poucos que conseguiram escapar. O horror da noite fatídica ficou marcado na memória de quem viveu a tragédia. O marinheiro Hilton Mendes Moreno, em seu relato, descreveu os gritos de socorro e a luta pela sobrevivência em meio aos destroços.

O naufrágio do Vital de Oliveira não foi um evento isolado; durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil perdeu um total de 31 navios mercantes e três embarcações de guerra. Além do Vital de Oliveira, a Corveta Camaquã e o Cruzador Bahia também se tornaram parte dessa sombria estatística. Ao todo, cerca de 982 civis e 486 militares perderam a vida em águas brasileiras, um custo humano que ecoou por gerações.

Oito décadas após o naufrágio, em janeiro de 2023, o casco do Vital de Oliveira foi localizado a cerca de 65 quilômetros da costa de Macaé, através de tecnologia moderna e mergulhadores locais. A Marinha do Brasil, utilizando o Navio de Pesquisa Hidroceanográfico que leva o mesmo nome, está atualmente mapeando o local do naufrágio, integrando dados ao projeto Atlas dos Naufrágios de Interesse Histórico da Costa do Brasil. O Capitão-Tenente Caio Cezar Pereira Demilio, da Divisão de Arqueologia Subaquática, enfatiza a importância de preservar esses vestígios históricos como parte da identidade nacional.

O Vital de Oliveira, originalmente construído em 1910 e incorporado à Marinha em 1931, desempenhou um papel crucial durante a guerra, transportando suprimentos e pessoal. Sua tragédia não apenas ressaltou a urgência da preparação constante dos marinheiros, mas também expôs a vulnerabilidade do Brasil em relação ao seu extenso litoral.

A história do Vital de Oliveira é um testemunho do sacrifício e resiliência, e será recontada no documentário “Vital: Memórias que não naufragaram”, que promete trazer à tona vozes e histórias de sobreviventes. A previsão é que o lançamento ocorra ainda este ano, mantendo viva a memória de um evento que, apesar de trágico, faz parte da rica história naval do Brasil.

Com informações da Agência Gov

Compartilhe Isso