banner

Após perder mãe e avó com câncer, baiana retira as duas mamas e vence a doença

6 Min
 Silvia Borges, de 43 anos, realizou a mastectomia bilateral radical, retirada completa das mamas Reprodução/Facebook
Silvia Borges, de 43 anos, realizou a mastectomia bilateral radical, retirada completa das mamas Reprodução/Facebook

Em outubro deste ano, a baiana Silvia Borges, de 43 anos, completa cinco anos que recebeu um temido diagnóstico de câncer nas duas mamas. A doença por si só já seria capaz de deixar qualquer pessoa desesperada, mas para a telefonista o cenário era muito pior, pois ela havia perdido duas batalhas para a doença.

— Eu venho de uma história, há alguns anos atrás, que infelizmente eu tive a perda de minha avó, com 52 anos, com câncer de mama. A minha mãe também faleceu proveniente do câncer de mama, aos 48 anos.

Aos 38 anos, Silvia descobriu que algo estava errado após encontrar um nódulo em uma das mamas durante autoexame em casa e, diante do histórico familiar, procurou ajuda médica no dia seguinte. Para pior a situação, a médica encontrou um nódulo na outra mama. Silvia realizou os exames solicitados e obteve a confirmação da doença nas duas mamas. Ela deveria realizar a mastectomia bilateral radical, retirada completa das mamas. Com o diagnóstico, Silvia confessa que: “prontamente aceitei [fazer a cirurgia]. Eu queria sobreviver, eu queria ter essa chance, o tempo era curto”

— Eu temi a morte, porque me senti de frente a ela. A gente não tem a fisionomia dela, a gente tem a sensação, a gente tem a energia de que aquilo pode acontecer a qualquer momento.

Ela enfrentou o que, para muitas pessoas, poderia ser uma sentença de morte, mas estava determinada a lutar pela vida.

Para o médico radiologista Luciano Chala, a agilidade na descoberta doença é um dos fatores relevantes para a cura, sendo a acesso ao tratamento adequado o segundo ponto.

Chala ressalta a importância do diagnóstico precoce, mas pondera que a detecção antecipada não adianta quando as mulheres não têm acesso a tratamento de qualidade.

O radiologista esclarece que o autoexame é importante, mas adverte que as mulheres a partir dos 40 anos devem procurar o médico e realizar mamografia e “dessa forma, detectar a doença antes de se tornar palpável”.

Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), o câncer de mama é o segundo mais comum entre as mulheres no mundo, sendo responsável por cerca de 25% dos casos novos por ano. Nos homens, o percentual é muito baixo, correspondendo a apenas 1% do total de casos da doença. Durante o tratamento, alternou bons e maus momentos, mas nunca desistiu de viver.

CONTRA O TEMPO!

Diante do histórico familiar, a telefonista sabia que tinha grandes chances de desenvolver a doença e chegava a brincas com as irmãs, mas confessa que se agarrava ao fio de esperança de não ter herdado o problema: “lá no fundo, a gente imagina: não vai acontecer comigo”. Mas, para a infelicidade da telefonista, aconteceu!

Ela tinha uma fé inabalável, mas sabia que poderia morrer, pois já havia perdido, ainda que indiretamente, duas batalhas para a doença. A baiana sempre foi otimista, mas conversou com a única filha e fez questão de prepará-la para o que poderia ocorrer.

- Advertisement -

— Ela [a doença] fica quietinha, mirando você. Você vai luta, você briga, faz e acontece, entrega a alma e faz suas promessas e diz que vai vencer. E ela, às vezes, em uma boa parte das vezes, ela só faz te dar uma rasteira e te leva à lona.

Antes da cirurgia, Silvia ainda teve que lidar com outra decisão incomoda; a reconstrução das mamas. Ela tinha o direto de fazer implantes de silicone, caso fosse possível do ponto de vista médico, mas não era uma ideia que lhe agravada, pois vencer a batalha contra a doença era sua única meta naquele momento. Em 22 de novembro de 2011, por volta das 13h, a telefonista entrou no centro cirúrgico e acabou saindo com apenas uma mama reconstruída. Contudo, pouco tempo depois, teve uma infecção e foi obrigada a retirar a prótese. Entre o diagnóstico a e mastectomia, foram aproximadamente 30 dias.

— Eu me vejo nua o tempo inteiro, vendo a minha realidade. Ela machuca, porque eu sou mutilada, eu não tenho as minhas mamas.

A telefonista enfrentou dez meses de tratamento com quimioterapia e, durante esse período, alternou bons e maus momentos, mas continuou firme em sua meta de derrotar o câncer, que a fez perder os seios, os cabelos, a força física e levou a abrir mão do relacionamento de sete anos, pois achava que deveria enfrentar o problema sozinha. Mesmo diante de tanta coragem, a baiana confessa que temeu não “ter mais ali perto a minha filha e os meus netos”.

Atualmente, Silvia está curada e realiza revisão periodicamente com especialista. Ela conta que a doença a ensinou que estar viva é um privilegio imenso.

— O tempo é muito curto para eu priorizar algo que possa vir a acontecer. É muita coisa pra ser vivida.

Por R7 Bahia

Compartilhe Isso