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Nordeste: Segundo maior povo indígena do Brasil, revela Sudene

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Crescimento da População Indígena no Nordeste: Desafios e Oportunidades

Com quase 530 mil indígenas, o Nordeste brasileiro abriga a segunda maior população indígena do país, apresentando um crescimento notável nas últimas décadas. Dados divulgados pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em um boletim temático nesta quarta-feira (16) revelam que, entre 2010 e 2022, a população indígena na região mais do que dobrou, enquanto a média nacional registrou um aumento de 89%, totalizando cerca de 1,7 milhão de indígenas em todo o Brasil.

O Nordeste se destaca pela diversidade cultural, abrigando 238 etnias diferentes. Contudo, o boletim aponta um desafio significativo: cerca de 90% da população indígena nordestina reside fora de terras oficialmente reconhecidas. Com 631 terras indígenas identificadas em várias fases de demarcação e apenas 105 oficialmente demarcadas, a luta pela preservação das tradições e pelo reconhecimento dos direitos territoriais se torna uma questão urgente.

Os estados da Bahia e Pernambuco concentram aproximadamente 60% da população indígena da região, reforçando a necessidade de estratégias de políticas públicas que contemplem a realidade dessas comunidades. Além disso, um dado alarmante é que 63% da população indígena no Nordeste vive em áreas urbanas, o que exige uma reavaliação das abordagens nas áreas de saúde, educação e habitação voltadas a esses grupos.

O superintendente da Sudene, Danilo Cabral, enfatizou a importância desse levantamento para o planejamento regional. “Entender a realidade dos povos indígenas é essencial para desenvolvermos ações que respeitem sua diversidade cultural e promovam a inclusão de forma justa”, afirmou. O boletim também destaca a correlação entre a demarcação de terras indígenas e a redução da violência, com taxas de homicídio significativamente mais baixas em territórios reconhecidos oficialmente.

No cenário político, a representatividade indígena nos municípios nordestinos permanece baixa. Para as eleições de 2024, apenas 567 indígenas se candidataram a cargos no legislativo municipal, com apenas 87 eleitos. A socióloga e analista da Sudene, Teresa Oliveira, aponta que a baixa participação política dificulta a criação de políticas públicas que atendam às especificidades culturais e sociais das comunidades indígenas.

A publicação do boletim é parte dos esforços da Sudene para reafirmar sua posição como produtora de conhecimento estratégico sobre a região. O objetivo é subsidiar governos e instituições na formulação de iniciativas que considerem a diversidade regional e contribuam para a redução das desigualdades. Além do estudo sobre os povos indígenas, a autarquia também lançou boletins temáticos abordando questões como comércio exterior e a situação de mulheres e jovens no Nordeste.

Em um momento em que a visibilidade das populações indígenas aumenta, é fundamental que suas vozes sejam ouvidas e que suas demandas sejam efetivamente incorporadas na agenda pública. A luta pela demarcação de terras e pela representação política é mais do que uma questão de direitos; é também uma questão de justiça social e respeito à rica diversidade cultural que compõe o Brasil.

Com informações da Agência Gov

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