A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) que tramita na Justiça Eleitoral de Madre de Deus ganhou novo impulso e passou a representar uma ameaça concreta aos mandatos do prefeito eleito Dailton Raimundo de Jesus Filho e do vice-prefeito Amilton de Oliveira Pereira. Caso a ação seja julgada procedente, ambos podem ter os mandatos cassados.
Em decisão proferida nesta terça-feira (16), a juíza eleitoral Ana Cláudia Rocha Sena rejeitou um recurso apresentado pela defesa dos investigados e, ao mesmo tempo, endureceu as exigências técnicas relacionadas à principal prova do processo: um arquivo de áudio que sustenta a acusação de fraude eleitoral no pleito de 2024.
A magistrada determinou que o perito judicial apresente, no prazo máximo de dez dias, uma descrição detalhada da metodologia científica utilizada para atestar a autenticidade do material. O objetivo é eliminar qualquer dúvida quanto à possibilidade de edição, manipulação ou adulteração do conteúdo apresentado nos autos.
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A AIJE foi proposta pela Coligação Todos Por Madre e por Jeferson Andrade Batista, representantes da oposição, e aponta suposto abuso de poder político e econômico na campanha que resultou na vitória da chapa formada por Dailton Filho (PSB) e Amilton Pereira (Solidariedade).
Segundo os autores da ação, a campanha teria se beneficiado do uso indevido da máquina pública municipal, com um expressivo aumento de nomeações e contratações durante o período eleitoral. A Justiça passou a exigir da Prefeitura documentos detalhados sobre cargos comissionados, funções gratificadas e contratos de terceirização, considerados essenciais para a análise do suposto desequilíbrio no pleito.
Em junho de 2025, diante do descumprimento das determinações judiciais, a juíza aplicou uma multa diária de R$ 50 mil ao Município de Madre de Deus e à empresa EMBRAED Empreendimentos LTDA, pela não entrega completa das informações solicitadas.
O arquivo de áudio segue como elemento central da acusação. Embora tenha decidido mantê-lo no processo, a juíza condicionou sua validade ao atendimento de critérios técnicos rigorosos. O perito deverá explicar como verificou que o áudio não sofreu alterações, apresentar os dados de criação e modificação do arquivo e justificar a análise mesmo sem o aparelho celular original utilizado na gravação.
Outro ponto sensível da perícia envolve a identificação da interlocutora conhecida como “Leti”, personagem considerada estratégica para a compreensão do conteúdo do áudio. O perito terá de informar quais fundamentos técnicos e quais amostras de voz foram utilizadas para atribuir a fala à referida pessoa.
A juíza destacou que a avaliação definitiva sobre a validade das provas só será feita no momento da sentença. Até lá, o processo segue em fase decisiva, ampliando a instabilidade política no município.
O avanço da AIJE reforça a tensão no cenário eleitoral de Madre de Deus e mantém aberta a possibilidade de um desfecho drástico, com eventual anulação da eleição e consequências diretas para o comando do Executivo municipal.
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