O número de ações contra organizações criminosas mais que triplicou nos últimos cinco anos
O Ministério Público da Bahia (MPBA) intensificou suas operações contra o crime organizado, deflagrando 96 intervenções em 2025, um crescimento significativo comparado aos 30 registros em 2021. Entre os principais alvos estão crimes relacionados ao tráfico de drogas e de armas, corrupção, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. Essa escalada no combate ao crime organizado resulta da complexidade das investigações que mapeiam as redes de contatos e movimentações financeiras dos suspeitos.
Em resposta a essas atividades, a Justiça, a pedido do MPBA, bloqueou mais de meio bilhão de reais em bens e valores. Veículos, embarcações e imóveis estão entre os itens indisponíveis, que serão posteriormente leiloados. No âmbito da sonegação fiscal, foram realizadas quatro operações que resultaram na devolução de R$ 145,2 milhões aos cofres públicos estaduais, destacando a atuação do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira).
Os resultados obtidos são atribuídos ao trabalho dos Grupos de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco); de Combate à Sonegação Fiscal (Gaesf); de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp); e de Atuação Especial de Execução Penal (Gaep). Essas ações ocorrem em cooperação com as forças de segurança pública e outros órgãos em nível estadual e federal, ampliando o alcance das investigações.
O procurador-geral de Justiça, Pedro Maia afirmou que “o enfrentamento ao crime organizado exige cooperação permanente e investimento contínuo em tecnologia e capacitação das equipes”. Segundo ele, a articulação entre o MP e as forças de segurança pública tem sido decisiva para promover a asfixia financeira das organização criminosas e garantir resultados concretos no estado.
Nos últimos anos, houve uma crescente no número de operações. Em 2023, foram 45 ações, aumentando para 75 em 2024. Em 2025, o MPBA registrou 92 operações, o maior volume na história. Paralelamente, o número de mandados de busca e apreensão também cresceu significativamente, passando de 117 em 2022 para 252 em 2025, além de numerosas prisões.
As operações deste ano são diversas e incluem tráfico de drogas, corrupção envolvendo agentes públicos e lavagem de dinheiro, com uma média de mais de sete operações mensais. O uso intensivo de ferramentas de inteligência, como interceptações telefônicas e análises de dados digitais, foi fundamental para o sucesso destas ações.
Milícias e sistema prisional
Uma das frentes de combate se concentra nas milícias que atuam ao lado do Estado, muitas vezes compostas por agentes policiais. O MP da Bahia atua em conjunto com o Gaeco e o Geosp em operações intégradas. Essas ações buscam desmantelar redes de corrupção e violência dentro do sistema prisional, com a colaboração do Gaep e da Secretaria de Administração Penitenciária.
O promotor de Justiça Luiz Ferreira Neto, coordenador do Gaeco, enfatiza a importância da inteligência nas investigações. “Esse trabalho é viável graças à atuação conjunta dos grupos especializados e das forças policiais”, declarou.
Operações de destaque:
Operação El Patrón: Focada na desarticulação de uma organização criminosa em Feira de Santana, resultou na prisão do deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha.
Premium Mandatum: Levou à prisão temporária de integrantes de uma facção criminosa, com bloqueio de R$ 44 milhões em bens investigados.
Operação Grilagem S.A.: Resultou na prisão de oito pessoas por grilagem de terras urbanas e rurais, além de corrupção.
Operação Fogo Cruzado: Investigou sonegação de R$ 14 milhões em impostos no comércio de armas.
Operação Terra Justa: Envolveu denúncias de violência em conflitos fundiários contra uma milícia no oeste da Bahia.
Operação Fauna Protegida: Voltada para o tráfico de animais silvestres, resultou na prisão de um dos maiores traficantes do Brasil.
Operação Redenção: Ação destinada a retirar materiais ilícitos do sistema prisional e investigar comunicações ilegais entre detentos e fora do cárcere.
