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Pesquisador na Alesp Adverte sobre os Riscos do Sedentarismo para a Saúde Mental

5 Min

Relação entre Comportamento Sedentário e Saúde Mental: Insights Recentes

A discussão sobre a correlação entre comportamento sedentário e a deterioração da saúde mental foi destaque em um painel promovido pelo Instituto do Legislativo Paulista (ILP) durante a Semana da Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), realizado em 19 de agosto.

O pesquisador André de Oliveira Werneck, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, apresentou estudos que evidenciam a falta de políticas públicas eficazes para incentivar a atividade física no Brasil. Ele enfatizou a necessidade de integrar a saúde física e mental: “É crucial estabelecer metas e apresentar diversas formas de intervenção, priorizando a atividade física e a complexidade do comportamento sedentário”.

Dados sobre Transtornos Mentais

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os transtornos depressivos afetam 5% da população global em 2023. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) revelou que 10,8% dos brasileiros enfrentavam depressão mesmo antes da pandemia. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou que 9,3% da população brasileira sofre de transtornos de ansiedade, o maior índice mundial. Na capital paulista, essa taxa sobe para 19,9%, conforme um estudo do Hospital das Clínicas.

Esses transtornos mentais aumentam o risco de várias doenças, especialmente cardiovasculares, e podem surgir em diferentes idades. Há evidências de que muitos casos começam na adolescência. Dois estudos britânicos mostraram que substituir o tempo sentado por atividade física está associado a uma diminuição da incidência de depressão.

Comportamento Sedentário e Saúde Mental

No início das pesquisas sobre comportamento sedentário, as questões abordavam apenas o tempo passado sentado. Atualmente, a classificação dos comportamentos sedentários em ativos e passivos tem ganhado destaque. Um estudo sueco encontrou uma relação entre comportamentos sedentários passivos e um aumento nos casos de transtornos depressivos. Em contrapartida, comportamentos ativos mostraram uma menor incidência desses transtornos.

Werneck destacou outro achado significativo: a substituição de comportamentos mentalmente passivos por atividades ativas reduziu o risco de depressão, apresentando resultados superiores ao simples aumento da atividade física. Ele observou que trocar três horas de assistir TV por exercício não é uma mudança fácil no cotidiano.

Impacto do Tempo de Tela e Mídias Sociais

O pesquisador foi coautor de uma pesquisa publicada no Journal of Adolescent Health, que aponta que adolescentes que passam mais de três horas diante das telas em atividades sedentárias passivas têm maior risco de sofrimento psicológico. Por outro lado, um tempo moderado de tela em atividades educacionais foi associado a benefícios. Werneck também alertou que o excesso de comportamento passivo afeta as interações sociais e a qualidade do sono devido à exposição à luz azul.

O uso de mídias sociais é uma questão complexa. Estudos indicam que uma maior frequência de postagens está ligada a problemas de saúde mental. Não é apenas o tempo de uso que importa, mas também o tipo de interação, o conteúdo consumido e as características da plataforma.

Recomendações e Ações Necessárias

Werneck explicou que o comportamento sedentário interferiu na produção de insulina e na contração muscular, contribuindo para a inflamação e, consequentemente, para transtornos mentais. Para mitigar esses problemas, foram apresentadas diretrizes, como as da Sociedade Brasileira de Pediatria (ABP), que recomendam limitar a exposição a telas para crianças e adolescentes.

Recentemente, o governo federal lançou um Guia sobre Usos de Dispositivos Digitais, que repassa os riscos associados à exposição digital. Entretanto, Werneck ponderou que faltam intervenções consistentes além do aconselhamento, destacando a importância da lei que restringe o uso de celulares nas escolas.

O painel contou com a presença de especialistas, incluindo a psicóloga e professora da FGV, Nazareth Ribeiro, e outros renomados pesquisadores, sob a mediação de Tacyra Valois, vice-presidente da Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig).

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Para mais informações sobre saúde mental e comportamentos sedentários, continue acompanhando estudos e recomendações da comunidade científica.

Informações da Agência FAPESP

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