Projeto de lei ameaça fornecimento de medicamentos nos EUA

Por Redação
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Incentivos para a indústria de semicondutores, e desafios para a de biotecnologia

Representantes da indústria farmacêutica expressaram recentemente sua inveja em relação aos subsídios bilionários concedidos à Intel, como parte da Lei de Chips e Ciência. Essa legislação reflete os esforços dos Estados Unidos em enfrentar ameaças vindas da China à cadeia de suprimentos.

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Enquanto os semicondutores recebem um suporte de US$ 53 bilhões para impulsionar a produção doméstica, a biotecnologia enfrenta desafios semelhantes, conforme relatado pelo The Wall Street Journal, porém sem o mesmo apoio financeiro.

Atualmente, no Congresso, discute-se um projeto de lei que visa incluir empresas chinesas nas listas negras do setor de biotecnologia. Isso poderia impactar não apenas o custo do desenvolvimento de medicamentos, mas também as empresas norte-americanas que terceirizam sua fabricação e pesquisa, incluindo testes em animais, para a China.

O que é o projeto de lei de biossegurança?

Imagem: Stock-Asso Shutterstock

O projeto de lei de biossegurança, conhecido como Biosecure Act, tem o objetivo de resguardar as informações de saúde dos americanos. Para isso, propõe restringir as transações comerciais com determinadas empresas chinesas de biotecnologia, como a BGI e a WuXi AppTec.

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Isso significa que empresas norte-americanas que mantêm parcerias com essas companhias chinesas poderiam se tornar inelegíveis para contratos governamentais, afetando sua participação em programas como Medicare e Medicaid. Esse cenário representa um risco significativo para as empresas farmacêuticas ocidentais.

Nesse contexto, as empresas dos Estados Unidos têm sido pressionadas a tomar partido. Um exemplo recente foi a postura da Biotechnology Innovation Organization (BIO), que inicialmente se mostrava contrária à aprovação da lei. Contudo, após ser acusada de fazer lobby para um agente estrangeiro, a BIO anunciou que romperia com a WuXi e passaria a apoiar a legislação.

Os impactos do projeto de lei de biossegurança

Imagem: T. Schneider / Shutterstock

Chris Meekins, analista em Washington pela Raymond James, acredita na alta probabilidade de aprovação da lei. Ele destaca que o Congresso considera a biotecnologia uma questão de segurança nacional. Surge então o questionamento sobre a utilidade de possuir mísseis e chips semicondutores se os soldados estão doentes por falta de medicamentos.

Por outro lado, há empresas como a Lonza Group e a Thermo Fisher Scientific que poderiam se beneficiar com a redução da concorrência e eventual aumento de sua capacidade produtiva.

Entretanto, a aprovação da lei, da forma como está proposta atualmente, pode prejudicar as empresas dos Estados Unidos. A WuXi AppTec, apesar de pouco conhecida entre os americanos, desempenha um papel crucial na cadeia de suprimentos de medicamentos, gerando 66% de sua receita nos EUA.

Empresas renomadas, como Eli Lilly, Amicus e Iovance Biotherapeutics, já alertaram sobre os potenciais riscos às suas operações decorrentes das medidas direcionadas à WuXi.

Diante das discussões em curso, há a possibilidade de flexibilizar o projeto de lei, permitindo a continuidade dos contratos já estabelecidos com a WuXi, o que poderia evitar uma repentina escassez de medicamentos no mercado.

Colaboração: João Silva.

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