Prefeitura contrata Igor Kannário por R$ 120 mil para tocar no Carnaval

Por Redação
3 Min
O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), anunciou nesta quinta-feira (16) a contratação do cantor de pagode Igor Kannário para quatro apresentações no Carnaval.
Desde janeiro, Kannário é vereador na capital baiana. Eleito pelo PHS com 11,4 mil votos, ele faz parte da base aliada do prefeito.
A prefeitura pagará R$ 120 mil pelos shows do artista, que desfila em trio elétrico nos circuitos do Campo Grande e da Barra e ainda fará shows em palcos nos bairros de Cajazeiras e Liberdade, periferia da capital.
Conhecido por tocar um estilo de pagode chamado “groove arrastado”, Kannário fez sucesso com a música “Tudo Nosso, Nada Deles”, hit do Carnaval de 2015.
Em entrevista à imprensa nesta quinta, ACM Neto defendeu a contratação do artista e aliado na Câmara de Vereadores.
“É uma bobagem. Muita gente estava excluindo Kannário porque tinha preconceito. Tive a coragem de trazer ele para o Carnaval, muito antes de ele ser vereador. Ele não está tocando porque é vereador”, afirmou o prefeito.
A prefeitura ainda alega que o artista será pago com recursos de patrocinadores da festa -ao todo serão gastos R$ 6 milhões com a contratação de artistas.
Conhecido como “Príncipe do Gueto”, o vereador Igor Kannário viveu uma trajetória de redenção em Salvador desde 2015.
Em seu ano de maior sucesso, ele foi rejeitado pelos principais blocos de Carnaval em Salvador após ser detido por porte de drogas, mas foi contratado pela prefeitura para tocar num desfile aberto ao público. Na época, o prefeito afirmou que estava “dando uma oportunidade” ao cantor.
Igor Kannário tem uma carreira controversa e marcada por polêmicas. Seus shows costumavam ser marcados por episódios de violência, com brigas entre gangues e até tiroteios.
ALIADOS
Esta não é a primeira vez que a Prefeitura de Salvador contrata artistas que também são políticos aliados do prefeito.
Em dezembro de 2014, a prefeitura contratou o deputado federal Irmão Lázaro (PSC), que também é cantor gospel, para tocar em um festival de comemoração do Dia da Cultura Evangélica.
O artista recebeu R$ 60 mil. Na época, a prefeitura defendeu a legalidade do contrato e afirmou que o valor pago ao artista era compatível ao seu cachê.
Lázaro é um dos cantores gospel de maior sucesso do país: tem oito discos gravados e milhões de seguidores nas redes sociais. No início da carreira, foi um dos cantores do Olodum, quando era conhecido como Lazinho.
Nos anos seguintes, o cantor voltou a se apresentar em eventos patrocinados pela prefeitura, mas abriu mão do cachê.
BC
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