Repressão a protestos na Líbia deixa saldo de muitos mortos

Por Redação
5 Min

Pelo menos 173 pessoas morreram em quatro dias de protestos na Líbia, de acordo com a Human Rights Watch. Houve protestos também no Marrocos, Argélia, Iêmen, Barein, Omã, Kuwait e em Djibuti.

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Pelo menos 173 pessoas foram mortas em quatro dias de protestos na Líbia, segundo afirmou neste domingo (20/02) a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch. Testemunhas afirmaram que as forças de segurança dispararam contra dezenas de manifestantes contrários ao governo. Aconteceram também manifestações por democracia e reformas sociais no Marrocos, Argélia, Iêmen, Barein, Omã e no Kuwait, assim como emDjibuti.

Os distúrbios na Líbia, os piores em quatro décadas do regime de Muammar Kadafi, começaram como uma série de protestos inspirados nas revoltas no Egito e na Tunísia, mas foram combatidas pelas forças de segurança com feroz repressão.

Do alto de prédio, guardas atiraram em cortejo fúnebre

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Testemunhas na cidade de Benghazi,a segunda maior do país, disseram que no sábado forças de seguranças se retiraram rumo a um complexo fortificado no centro da cidade, de onde disparam contra membros de cortejos fúnebres de manifestantes mortos nos dias anteriores.Kadafi governa a Líbia há 40 anos"Dezenas de pessoas foram mortas”, afirmou uma testemunha. “Estamos em meio a um massacre", complementou. O homem afirmou que havia ajudado as vítimas a chegar até um hospital de Benghazi.

Rifles de alta velocidade

A Human Rights Watch,  sediada em Nova York, afirmou que a cifra de mortos subiu para 173 no domingo. Um médico de um hospital de Benghazi afirmou que as vítimas tinham feridas graves, feitas com rifles de alta velocidade.

A situação é confusa, já que o governo restringe acesso da mídia e bloqueou alguns serviços de comunicação, dificultando uma confirmação independente das informações. Repórteres estrangeiros não podem entrar no país e jornalistas líbios foram impedidos de chegar em Benghazi, cidade portuária onde o apoio a Kadafi é bem menor do que em outras regiões. Além disso, a rede de telefonia celular no leste do país, onde os protestos estão concentrados, foi frequentemente interrompida e as conexões de internet também foram interrompidas.

Apelo de religiosos contra massacre

A repressão sangrenta levou cerca de 50 líderes religiosos muçulmanos a fazer um apelo escrito para que membros das forças de segurança, enquanto muçulmanos, detenham o massacre.  "Apelamos a cada muçulmano dentro do regime ou que o esteja apoiando a reconhecer que a matança de seres humanos inocentes é proibida por nosso Criador”, pedia o texto.

A oposição contabilizou o número de mortos em mais de 200 pessoas. O site oposicionista Libya al-Youm registrava no domingo a cifra de 208 pessoas mortas. Na cidade de Benghazi, ainda segundo a oposição, parte dos soldados teria se unido aos manifestantes. Algumas cidades, de acordo com informações dos dissidentes, teriam sido total ou parcialmente "libertadas".

O governo líbio culpa uma “conspiração estrangeira” como responsável pelos distúrbios. A agência estatal de notícias Jana noticiou na noite de sábado que as forças de segurança teriam prendido membros de um grupo de conspiradores, incluindo palestinos, tunisianos e sudaneses.

Protestos também em outros países árabes

Pela primeira vez desde o início dos protestos em massa no mundo árabe, também no Marrocos pelo menos 2 mil pessoas participaram de manifestações por reformas. Na capital, Rabat, manifestantes reivindicaram no domingo a redução dos poderes do rei Mohammed.

Benghazi, no leste do país, é o centro dos protestosBildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift:  Benghazi, no leste do país, é o centro dos protestosNa Tunísia, onde começaram as revoltas, milhares de pessoas se reuniram na capital, Túnis, para pedir a renúncia do governo de transição, apesar da atual proibição de manifestações.

No Iêmen, onde os protestos contra o governo ocorrem já há nove dias, partidários do presidente Ali Abdullah Saleh atiraram em manifestantes na capital, Sana. Passeatas por democracia aconteceram também na Argélia, Barein, Omã e no Kuwait e no pequeno Estado de Djibuti.

O Egito volta aos poucos à normalidade, após a queda do presidente Hosni Mubarak. Os bancos abriram novamente no domingo, após uma semana fechados, e o Museu Egípcio no Cairo, assim como as pirâmides, foram novamente abertos para os turistas estrangeiros. Nos últimos dias, houve diversas greves no país, incluindo a de policiais e funcionários de bancos estatais, que foram às ruas cobrar melhorias de pagamento e nas condições de trabalho

MD/rtrs/dpa
Revisão: Soraia Vilela

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