Detentos se casam em presídio do Mato Grosso

Por Redação
4 Min

Cerimônia registrou os primeiros casamentos homoafetivos masculinos do Estado realizados dentro de um presídio.

Continua depois da Promoção
Duda e Emerson. Foto: TJ-MT
Duda e Emerson. Foto: TJ-MT

Dois casais de detentos selaram seus relacionamentos no Centro de Ressocialização de Cuiabá (MT) na quarta-feira, 3. A cerimônia registrou os primeiros casamentos homoafetivos masculinos do Estado realizados dentro de um presídio. As informações foram divulgadas no site do Tribunal de Justiça do Mato Grosso.

Duda e Emerson e Rael e Mauro fizeram um contrato de união estável. Padrinhos e amigos presenciaram as juras de amor eterno, troca de alianças, carinho e cumplicidade entre os casais e até o choro da noiva.

“Nunca achei que poderia realizar este sonho, ainda mais aqui dentro do presídio, vestida de noiva, com alguém que eu amo e quero compartilhar minha vida toda. Quando eu sair daqui quero vida nova, além da ressocialização, do trabalho honesto lá fora, eu terei uma família para cuidar, um marido para me dedicar. Este casamento realmente transforma a minha vida”, afirmou a travesti Duda Marques, de 32 anos, que já se apresenta com o sobrenome do marido.

Continua depois da Promoção

O noivo, Emerson Marques, de 25 anos, disse que não era homossexual antes de ser preso. Ele contou que tem uma filha de seis anos e convivia em união estável com uma mulher.

“Foi um pouco difícil no início. Poucas pessoas nos aceitam quando decidimos mudar e as críticas são grandes. Não é fácil você assumir a condição de gay, mas hoje é um dia especial para mim. Eu amo a Duda e carrego comigo a certeza de que quero ficar com ela para a vida toda”, disse o noivo.

Rael e Mauro. Foto: TJ-MT

Eles se conheceram dentro do presídio quando Emerson foi preso, há um ano e seis meses. Casados, eles garantem direitos legais como visita íntima duas vezes por semana e poderão morar na mesma cela. Fora do presídio, direitos como adoção, pensão por morte de um dos cônjuges e direitos de dependentes em plano de saúde estão garantidos.

“O casamento homoafetivo que ocorre hoje dentro do CRC é uma forma de humanizar estas pessoas que se amam e também de garantir a dignidade e respeito entre si. Eles, como qualquer pessoa, têm o direito de uma relação afetuosa, duradoura e estável. Essas situações na verdade já existem, o que estamos fazendo é garantir que eles possam usufruir de seus direitos, previstos em Lei”, explica o juiz da Vara de Execução Penal, Geraldo Fidélis, um dos convidados do casamento.

Rael e Mauro também se conheceram dentro do presídio. Os dois estavam ansiosos pela cerimônia.

O secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Márcio de Oliveira Dorilêo, ressaltou que o casamento é uma forma democrática de oferecer acesso aos direitos.

“Vivemos em uma sociedade plural e o casamento homoafetivo é uma conquista. É a materialização de um momento histórico em que Mato Grosso garante a cidadania das pessoas presas que são do mesmo sexo”, garante.

O casamento contou com outros convidados, dentre eles o presidente da Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais de Cuiabá (ALGBT), Clóvis Arantes, advogados, servidores da Justiça, além de toda a população homossexual que está abrigada na Ala Arco-íris.

Estadao

Compartilhe Isso
- Advertisement -