Morre o poeta Ferreira Gullar no Rio

Por Redação
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Fotos: Reprodução
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Ferreira Gullar, poeta, ensaísta, crítico de arte, tradutor, biógrafo e colunista da Folha, morreu aos 86 anos. A informação foi confirmada pela neta de Gullar, Celeste. Ele estava internado no hospital Copa D'Or, no Rio de Janeiro. Segundo a Folha, com grande independência, quase sempre remando contra a corrente no poder, Gullar frequentou diferentes regiões de um amplo espectro ideológico. Renovador da linguagem poética e teórico da vanguarda, anos mais tarde ele enxergaria com olhos severos os rumos da arte contemporânea. Militante comunista, fez-se um rigoroso tribuno contra a esquerda no poder desde os primeiros momentos do governo Lula.
Sua fisionomia angulosa, cheia de vincos expressivos, fez a alegria dos designers gráficos, que a reproduziram ampliada em inúmeras capas de livros e revistas. Ao vivo, o corpo magro e frágil contrastava com o vigor escuro do olhar, o nariz proeminente que lhe dava um perfil de índio andino, os óculos metálicos dominando o rosto de fora a fora, a espessura das sobrancelhas, o gesto constante de levar as mãos à cabeça e ajeitar os cabelos muito lisos, brancos e compridos, ou então enxugar com o canto dos dedos a saliva acumulada nos lábios grossos.
Nascido em 10 de setembro de 1930, o maranhense José Ribamar Ferreira se espraiou em praticamente todos os campos da cultura, da poesia de vanguarda à canção popular, da teoria estética ao jornalismo, da ilustração de livros infantis à teledramaturgia. Quase sempre, com forte ênfase política. Para se distrair, entregava-se à reprodução de quadros de Mondrian e outros de seus mestres europeus, fazia colagens com recortes de revistas ou traduzia poesia. Está entre os primeiros nomes da extensa lista de biografias que ainda precisam ser escritas no Brasil.
Filho do comerciante José Ribamar Ferreira e da dona de casa Alzira Goulart, que lhe inspiraria o nome literário, Gullar publicou seu primeiro livro em edição do autor em sua São Luís natal, em 1949. "Um Pouco Acima do Chão" não teria lugar nas futuras edições de obra completa organizadas pelo poeta: trata-se, diz ele, de "um tateio inicial", "um livro ingênuo".
por Bocão News
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